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Título

A Vida Não É Útil

Autora
Dra. Luana Schuarts

Boa leitura.

Há quem diga que a vida deve servir a algo.
Produzir. Render. Provar.
Como se o nascer precisasse de propósito.
Como se respirar não fosse, por si só, sagrado.

Mas a vida —
essa que pulsa em rios, folhas, gente e silêncio —
não se dobra às métricas da eficiência.
Ela floresce onde não há relógio.
Ela dança fora do compasso.

Ailton Krenak nos sopra um lembrete ancestral:
a vida não é útil.
E talvez, seja justamente aí que ela floresça:
no que escapa à utilidade,
no que não se vende, não se calcula, não se embala.

Uma criança que brinca com o vento.
Um idoso que contempla o entardecer.
Uma floresta que resiste sem pedir licença.
Tudo isso, segundo a lógica do mundo,
é inútil.
E, no entanto, é onde habita o essencial.

A vida não precisa ser justificada.
Ela precisa ser sentida.
Não somos máquinas.
Somos corpo, memória, sonho e terra.
Somos tristeza, pausa, germinação.

Quando dizemos que a vida não é útil,
não estamos recusando o fazer,
mas libertando o ser.
Estamos dizendo:
posso existir sem ser medido.
Posso viver sem performar.
Posso ser parte do mundo sem precisar dominá-lo.

E se, por um instante, deixássemos o mundo descansar de nossas exigências?
Se, em vez de perguntar “para quê serve?”,
perguntássemos “como pulsa?”,
“o que revela?”,
“quem sou, quando não sou para os outros?”

A vida não é um projeto a ser entregue no fim do dia.
É uma travessia.
Um mistério em curso.
Um sopro que insiste.

Talvez o maior gesto de resistência hoje
seja simplesmente habitar a vida
com a delicadeza de quem sabe
que estar aqui já é milagre suficiente.

Dra. Luana Schuarts

CRM 38301 | RQE 28408

Psiquiatra Curitiba – Psiquiatra Online – Terapeuta Junguiana – Terapeuta Insidelic

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